É outro tipo de
interação quando tenho um livro nas mãos, em vez de ler na tela do
computador...
Interação que
vejo realizada por meio dos cinco órgãos dos sentidos. Com os olhos (visão), naturalmente, vendo as
letras e o que há por trás das letras, seja na realidade ou na imaginação; com
os ouvidos (audição), percebendo o
som da própria voz quando preciso ler em voz alta, ou “ouvindo a voz” das
personagens de um livro, ouvindo a música que me rodeia, ou o que a minha mente
produz. Com a pele (tato), sentindo
o lápis na mão, querendo escrever o que li, imaginei, ouvi, senti, vivi; com a
mão segurando o livro e sentindo o seu peso concreto (livro pesado) ou abstrato
(conteúdo “pesado”), sentindo o arrepiar do medo, do gozo, da náusea a partir
do conteúdo lido. Com o nariz
(olfato), sentindo o cheiro do livro (novo ou velho?), sentindo o perfume (ou o
mau cheiro) das idéias “cheirosas” de seu enredo, sentindo o ar no “ar”; e com
o paladar da boca ou da alma, quando
molho a ponta do dedo indicador na língua para virar as páginas do livro ou
quando gosto do que leio, volto a ler o lido, escrevo um trecho lido, gozo
daquela atmosfera proporcionada pela leitura; sonho com o lido, quero viver o
lido... Isso tudo, enfim, não é o saber-sabor? É a nossa capacidade de imaginar
(pensar por imagens) um canal precioso na produção desses sentidos, que
organiza a nossa visão do mundo e dá a ela o conteúdo, forma, emoção.
E essa visão de
mundo só faz sentido quando mantemos com ele uma relação sensível, crítica,
criadora, afetiva, prazerosa e feliz. (Diva Lea Batista da Silva)