Com base no Prefácio de Ruy Leal ao livro “Conduta
Ética e sustentabilidade empresarial”, de Márcia Cristina Gonçalves de Souza, sugerimos esse livro aos nossos leitores.
Ao se receber a incumbência de prefaciar um livro,
podemos ficar num misto de vaidosa alegria e de redobrada atenção. Quando,
gentilmente, recebi o convite de Márcia Cristina Gonçalves de Souza para
prefaciar seu consistente e gostoso livro “Ética no Ambiente de Trabalho”,
assumi também a atitude de redobrada responsabilidade e detalhado cuidado. Nada
mais justo e natural pelo tema em pauta, pela trajetória profissional e
experiência que a autora possui em sua estrada de realizações. O assunto
tratado em “Ética no Ambiente de Trabalho” necessita ser considerado com toda a
nossa atenção. A história de nosso país apresenta incontáveis passagens e fatos
que não podem ser considerados condutas limpas e éticas. Quando as 13 caravelas
do navegador Pedro Álvares Cabral avistaram o Monte Pascoal em 22 de abril de
1500, afirmam alguns historiadores que, após fazer o reconhecimento da terra
descoberta, Cabral pediu ao escrivão que registrasse a necessidade de o rei Dom
Manoel liberar recursos para a construção de um porto para desembarque. O
detalhe é que o porto naturalmente já existia na região em que se encontra hoje
a cidade de Porto Seguro. Águas tranquilas protegidas por arrecifes, que
permitiam que os barcos atracassem em segurança. Do Brasil colônia para cá, os registros
históricos e judiciários apresentam infindáveis casos de desvios, roubos e
crimes de toda ordem, além de questões e maquiavélicos movimentos políticos e
econômicos com fins inconfessáveis. Agora, o mundo está globalizado e qualquer
ato antiético ou criminoso que uma pessoa, um grupo de pessoas ou de
organizações venha a realizar no meio empresarial, cedo ou tarde será conhecido
e de domínio público. Os sistemas e os meios de controle empresariais estão
mais aprimorados e públicos. As empresas se organizam melhor em tempos
globalizados, conversam com frequência e estabelecem, com grande e necessária
atenção, mecanismos de comunicação entre si. Se alguém tiver algum desvio de
conduta, todos ficarão sabendo, pois todos se falam, diretamente ou por meio de
suas associações, comunidades empresariais, ou mesmo pela participação da
imprensa. A realidade é que, cada vez mais, a conduta ética é fator de
sobrevivência empresarial e profissional. Não se trata de movimento da moda ou
de iniciativa de poucos, com forças desarticuladas e sem objetivos claros a
alcançar. Trata-se, sem dúvida, de um forçoso aprimoramento de conduta das
pessoas no mundo corporativo, que vem se robustecendo para ficar. As empresas,
de modo geral, quando iniciam um processo seletivo para seus quadros
funcionais, procuram identificar, em cerca de 60% dos casos, quem o candidato
é. Certo é que verificam também a capacidade técnica dos candidatos, porém,
fundamentalmente, querem conhecer o caráter de quem irão contratar para fazer
parte do time. Há quase dois séculos, Abraham Lincoln, disse: “Praticamente
qualquer um pode suportar a adversidade, mas, se quiser testar o caráter de
alguém, dê-lhe poder.” No mundo das empresas, essa citação se ajusta
perfeitamente à realidade do cotidiano. Caráter, poder, possibilidades,
escolhas, atos e consequências, tudo está conectado, como se fosse uma
corrente, a partir de quem o binômio pessoa/profissional é. O livro “Ética no
Ambiente de Trabalho”, de Márcia Cristina, oferece mais conteúdo e sentido à consistente
atenção e às efetivas providências que as empresas precisam aplicar (e vêm
aplicando) quando identificam pequenas ou grandes derrapadas éticas de
componentes de seu quadro funcional. Fica evidente que o como se obtém
determinado resultado é tão ou mais importante do que o próprio resultado em
si, como também a conduta profissional dos integrantes de uma organização
empresarial está, cada vez mais, sob permanente observação e acompanhamento. “Ética
no Ambiente de Trabalho” chama a atenção e apresenta numerosas situações em que
a ética e a conduta devem estar acima das vaidades e das práticas profissionais
só confessáveis em mundos “muito pessoais e particulares”. É mais uma
importante contribuição ao meio empresarial com que agora a autora nos brinda
com base em sua valiosa experiência profissional. De fato, se fizermos a nossa
parte, como Márcia Cristina vem fazendo a sua, construiremos um mundo melhor
para todos, mais ético e justo, com cada um de nós ganhando com isso também.
Leia e usufrua do livro sob essa ótica. (Ruy Leal, Superintendente-Geral do Instituto Via de
Acesso)